quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A HIPERTEXTUALIDADE COMO NORTEADORA DE UM UNIVERSO IMENSO DE INFORMAÇÕES


Isaías José de Almeida Neto
Jeruza Silva Andrade
Maria das Graças Souza Silva Seibert
Marivone Borges de Araújo Batista


A partir das limitações, anseios, contradições inerentes ao processo de impressão e escritura tradicionais, surgiu a necessidade do hipertexto. No entanto, foi com o advento da informática e das telecomunicações que a tecnologia do hipertexto revelou o seu potencial revolucionário. E, atualmente, é a base lógica e conceitual das comunicações mediadas pelo computador, através da internet.
O termo hipertexto foi definido em primeira mão por Ted Nelson, no início dos anos 60, significando uma leitura não seqüencial, não linear. Um texto com vários caminhos que permite aos leitores fazer escolhas, e que são melhor lidos numa tela interativa. Popularmente, são concebidos como uma série de pedaços de textos conectados por link que quer dizer "atalho", "caminho" ou "ligação". Através dos links é possível produzir documentos não lineares interconectados com outros documentos ou arquivos a partir de palavras, imagens ou outros objetos. Também conhecidos em português por hiperligações, oferecem ao leitor diferentes trilhas. O ato de navegar ou surfar na Internet possibilita o acesso a uma sequência de links. Estes, agregam interatividade no documento. Ao leitor torna-se possível localizar rapidamente conteúdo sobre assuntos específicos. O sistema de hipertexto mais conhecido atualmente é a World Wide Web, no entanto a Internet não é o único suporte onde este modelo de organização da informação e produção textual se manifesta.
A hipertextualidade se constitui através de textos formados por hipertextos, que como já mencionado acima, tem por característica básica apresentar o texto de forma não linear, ou seja, cada leitor pode seguir por um caminho diferente, pois o texto é constituído por diversos hiperlinks, que faz com que o leitor possa navegar por mundos diversos, aumentando as suas informações. Este sistema global de informação pode incluir não só texto, mas também imagem, animação, vídeo, som, etc., falando-se neste caso de hipermídia. Assim, através do hipertexto “a expressão de uma idéia ou linha de pensamento pode incluir uma rede multidimensional de indicadores apontando para novas formulações ou argumentos, os quais podem ser evocados ou ignorados” (Negroponte, 1995, p. 66).
Os hipertextos podem sem classificados em dois tipos básicos: os "exploratórios" e os "construtivos". A Internet pode ser considerada como o exemplo mais pungente de um hipertexto exploratório, onde vários conjuntos de informações são conectados em uma ampla cadeia de associações. Não é permitido ao usuário participar da construção e/ou alteração de todos os nós da rede. Este tipo de hipertexto comporta, em seu sistema rizomático, a existência de ambientes hipertextuais construtivos.
No hipertexto construtivo, cada usuário participa ativamente da construção do texto, do conjunto das informações dispostas. Pode ou não existir uma hierarquia para a participação de cada usuário, bem como regras de participação. Bons exemplos de hipertextos construtivos são os Muds, jogos virtuais onde cada jogador participa da construção dos personagens e do ambiente da aventura. Também no campo da literatura florescem experiências hipertextuais construtivas onde, escritores e leigos se reúnem da elaboração de uma obra a muitas mãos, numa aventura literária.
Segundo Silva (2003), sociólogo, doutor em educação pela USP,professor da UERJ e da UNESA, na era da interatividade ocorre à transição da lógica da distribuição (transmissão) para a lógica da comunicação (interatividade). Isto significa modificação radical no esquema clássico da informação baseado na ligação unilateral emissor-mensagem-receptor. O emissor não emite mais no sentido que se entende habitualmente, uma mensagem fechada, ele oferece um leque de elementos e possibilidades à manipulação do receptor. A mensagem não é mais “emitida”, não é mais um mundo fechado, paralisado, imutável, intocável, sagrado, ela é um mundo aberto, modificável na medida que responde às solicitações daquele que a consulta. O receptor não está mais em posição de recepção clássica, ele é convidado à livre criação e a mensagem ganha sentido sob sua intervenção.
Desta forma, percebe-se claramente que no mundo digital, as máquinas somos nós e o espaço da informação não se limita às dimensões do texto tradicional, pois o hipertexto é bastante dinâmico, possibilita uma leitura interativa, deixando até de lado aquela idéia de hierarquia das informações. Em se tratando de hipertexto, Lévy (1993) coloca que:
Com um ou dois cliques, obedecendo por assim dizer ao dedo e ao olho, ele mostra ao leitor uma de suas faces, depois outra, um certo detalhe ampliado, uma estrutura complexa esquematizada. Ele se redobra e desdobra à vontade, muda de forma, se multiplica, se corta e se cola outra vez de outra forma. Não é apenas uma rede de microtextos, mas sim um grande metatexto de geometria variável, com gavetas, com dobras. Um parágrafo pode aparecer ou desaparecer sob uma palavra, três capítulos sob uma palavra do parágrafo, um pequeno ensaio sob uma das palavras destes capítulos, e assim virtualmente sem fim, de fundo falso em fundo falso. (Lévy, 1993, p.41).
Com o advento da WEB.2 a Internet ganhou uma porta que possibilitou a entrada de milhares de usuários no ciberespaço, possibilitando a interatividade. As ferramentas que favorecem o trabalho cooperativo, como é o caso da Wikipédia, vieram possibilitar a prática da escrita efetivamente coletiva via hipertexto.
Segundo Aquino (2006), essa possibilidade de criação coletiva, remete a três princípios básicos: 1) Quanto mais pessoas utilizarem o hipertexto, podendo modificar seu conteúdo e incluir novos links, mais ricas de informação serão as páginas; 2) A construção coletiva do hipertexto coloca os internautas como co-desenvolvedores, praticamente anulando a escrita individual nesse contexto; 3) O aumento do uso aliado à co-participação no desenvolvimento do hipertexto propicia a formação de uma inteligência coletiva.
Tomando por base esse interativo do hipertexto, Primo (2003) classifica-o em três formatos: hipertexto potencial, hipertexto colagem e hipertexto cooperativo.
No hipertexto potencial, os caminhos são associativos e estão pré-determinados pelo programador da página proibindo, portanto, a inclusão de novas associações por parte do usuário. A este é permitido apenas seguir as trilhas dispostas pelo programador.
O hipertexto colagem permite ao internauta uma atuação mais ativa, podendo criar, porém, não possibilita diálogo com o programador, já o hipertexto cooperativo favorece a construção coletiva, pois permite interação entre autor e usuário. O desenvolvimento da discussão e cooperação contínua propicia a modificação da trilha de associações.
O caráter interativo do hipertexto também foi abordado por Lévy (1993). Ele denominou de hipercórtex, o imaginário coletivo desenvolvido por meio da internet. Através da rede as pessoas se unem, formando um conjunto e passam a construir o que sozinhos não conseguiriam e, consequentemente, ter acesso a um volume maior de informações e aprendizados. Assim, a possibilidade da escrita hipertextual desenvolvida coletivamente depende de situações comunicacionais que favoreçam a interação, ou seja, a atuação cooperativa dos sujeitos envolvidos.
Apesar dos avanços detectados nos últimos anos, e das invenções como o Memex, a rede ainda não alcançou o estágio fundamental de interação para que o conhecimento seja construído de forma plenamente coletiva, já que ainda prevalece a unilateralidade na criação dos links.
Além de tudo, através do hipertexto, se torna mais fácil desenvolver a idéia de inteligência coletiva. Segundo Lévy a inteligência coletiva é basicamente a partilha de funções cognitivas, como a memória, a percepção e o aprendizado. “Elas podem ser melhor compartilhadas quando aumentadas e transformadas por sistemas técnicos e externos ao organismo humano”, explica Lévy, referindo–se aos meios de comunicação e à internet.
Esse universo hipertextual só é possível graças ao protocolo HTTP (HyperText Transfer Protocol), que faz com que possamos navegar por tantos hiperlinks.

A HIPERTEXTUALIDADE NA EAD

Discutir a hipertextualidade é essencial para a compreensão da aprendizagem na Educação à Distância, visto que cada aluno pode seguir o seu caminho, possibilitando uma maior discussão e interação. Na verdade. Com o advento das tecnologias, o aluno tem ao seu alcance duas formas autônomas para adquirir seu aprendizado: a hipertextualidade e a interatividade. Conforme Aragão (2009):
A hipertextualidade na Ead significa que as informações estão diluídas no ciberespaço, formado por um grande hipertexto, com vários links que conectam os sujeitos da aprendizagem, permitindo o acesso à informação materializada por uma multiplicidade de linguagens e suportes. (Aragão 2009, p.19)
Desta forma, a Ead, deve se dirigir a um sujeito ativo, questionador, que tenha sua própria visão de mundo, que faça suas próprias interpretações, que tenha atitudes, e é claro, que seja autônomo e descubra seus próprios caminhos de aprendizagem através da hipertextualidade e interatividade.























REFERÊNCIAS:

AQUINO, Maria Clara. Um resgate histórico do hipertexto: o desvio da escrita hipertextual provocadao pelo advento da Web e o retorno aos preceitos iniciais através de novos suportes. Disponível em http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_Aquino.PDF acesso em 10/10/2009.

ARAGÃO, Cláudia. Trabalho colaborativo na Web. Curso de Especialização em educação a distância. Salvador: UNEB/EAD, 2009.

GUIMARÃES Jr, Mário José Lopes. A cibercultura e o surgimento de novas formas de sociabilidade. 1997. Disponível em: . Acesso em: 10 de outubro de 2009.

LEMOS, André; CARDOSO, Cláudio. Uma sala de aula no ciberespaço: reflexões e sugestões a partir de uma experiência de ensino pela Internet.

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.

NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 214 p.

PRIMO, Alex. Quão interativo é o hipertexto? Disponível em: http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/quao_interativo_hipertexto.pdf acesso em 12/10/2009.
____________. Hipertexto Cooperativo: Uma análise da escrita coletiva a partir dos blogs e da Wikipédia. Disponível em http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/hipertexto_cooperativo.pdf acesso em 12/10/2009

SILVA, Marco. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quartet, 2000.





5 comentários:

  1. Grande sacada a hipertextualidade. É impossível dimensionar a sua riqueza!

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  2. Parabéns Equipe!!! Sucesso nessa jornada hipertextual!!!

    Abraços.

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  3. Pessoal,
    que legal que conseguiram produzir um Blog da equipe, ficou com um Layout bonito.
    Mantenham o blog alimentado, passarei mais vezes por aqui.
    Abraços e parabéns!

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  4. Valeu colegas ! gostei de ver o empenho e dedicação. Parabéns !

    Tony Mendes

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  5. Entao colega realmente isso é realmente uma grande ferramenta para adicionarmos informações a um texto

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